COLECTIVO ALMANAQUE

Grupo de artistas de diversas áreas que se uniram em 2008 após alguns anos de convivência através do trabalho movidos pelo desejo de construir projetos nas áreas de arte, educação e cultura.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010



O "COLECTIVO ALMANAQUE" foi criado por Daniele Ramalho e Marcos Corrêa e desenvolve projetos e programações culturais, utilizando diversas linguagens artísticas, no intuito de expressar, discutir e refletir sobre questões contemporâneas de nossa sociedade.

 

O Colectivo Almanaque está sediado na cidade do Rio de Janeiro.


"COLETIVO:
Que abrange ou compreende muitas coisas
ou pessoas. De, ou utilizado por, muitos".
fonte:dicionário aurélio



Foto:Flávia Correia/acervo do COLECTIVO


PROJETO "RELICÁRIOS:da arte de compartilhar histórias" 


"Eu trouxe aqui meu relicário para mostrar pra você."




"A minha história é bonita.

Hoje eu vivo das lembranças.

Lembranças todas boas."


                                        Na exposição, o relicário inspirado no encontro de Raquel e Eloah. 

                                                         
               

PROJETO “RELICÁRIOS: da arte de compartilhar histórias”

O projeto “Relicários: da arte de compartilhar histórias” realizou a seguinte proposta: voluntários visitaram uma instituição e trocaram histórias com seus moradores.
Logo de início, estabelecemos que o trabalho seria realizado a partir de relatos de histórias de vida recontadas com objetos-relíquias – objetos guardados pelos participantes ao longo de suas vidas, que carreguem suas memórias, sejam elas antigas ou recentes; desde que trouxessem uma boa história ao fundo.
A diversidade dos objetos foi grande: fotografia, boneca de louça, saquinho de Cosme e Damião, broche, toalha usada no serviço militar, livro, écharpe, costureiro. Ao falar de relíquia também nos referimos ao que o escritor Guimarães Rosa chama de quisquilha, coisa nenhuma e que o poeta Manoel de Barros denomina de inutilezas. Uma pedrinha, um pote com caramujos, uma tela em branco. O que nos toca? O que nos revela? Que pedaço de nossas vidas nos representam? Quais os temas e questões que me instigam agora?
A instituição escolhida para nos receber foi o Retiro/Casa dos Artistas, que não só fornecia uma facilidade organizacional como nos pareceu ser um local onde vivem pessoas com interessantes experiências de vida. No momento da visita cada contador de histórias/voluntário entrou na casa de um morador, onde fez a narração, ouviu relatos, mostrou e conheceu objetos-relíquias; estando dentro de um lar, parte de um relicário. Tínhamos personagens com experiências, idades e origens diversas e à medida que as histórias eram reveladas iam surgindo pessoas, lugares e memórias que os aproximavam, gerando reconhecimentos e reflexões.
Para muitos era a primeira experiência com o voluntariado, o que gerava expectativa. Alguns tiveram dificuldade de dormir na véspera do encontro, outros estavam ansiosos: quem encontrariam? Nenhuma informação sobre quem visitariam lhes foi revelada antes, o que impediu qualquer “pré-conceito”. Isto também os colocou em pé de igualdade e gerou curiosidade mútua. Percebemos ali que quanto mais verdadeira a entrega de cada participante na visita, maior o afeto e verdade que recebeu de volta.
Há um provérbio africano que diz que “as histórias são espelhos onde podemos reconhecer a nós mesmos”. Nós podemos dizer que vivenciamos isto na prática. Através do encontro com o outro e suas histórias, cada voluntário pôde refletir sobre a sua história de vida e compreender de outro modo sua visão do mundo, revendo seus valores e escolhas.
A definição de solidário é: “quem tem responsabilidade mútua ou interesse comum, que adere à causa, à opinião e ao sentimento de outrem”. Ou seja: quando conhecemos o outro e encontramos interesses mútuos passamos a nos importar com ele; o que nos faz crer que as histórias são um instrumento importante na busca de uma sociedade mais justa. De alguma maneira ainda estamos lá, na casa de cada pessoa que tão bem nos recebeu com vontade de partilhar conosco aquilo que possui de mais precioso. Voltamos pensando que conviver e escutar o outro é uma atitude cada vez mais necessária no mundo moderno.
Nesta exposição trazemos a público uma leitura poética dos encontros vividos, para que estas frases, relatos e imagens também sensibilizem cada visitante, dialogando com suas memórias, histórias de vida e escolhas – criando pontes que falem de humanidade, verdade e integridade como caminhos para vivermos em sociedade.

Daniele Ramalho e Marcos Corrêa/Colectivo Almanaque

"Eu ganho tanto presente.
A gente colhe o que a gente planta."


"Eu gosto de dar linha à minha memória, só para ver até onde ela vai".




"Estão atrás da porta.As últimas sapatilhas com que dancei.
Eu as pendurei para que elas não fugissem."





                                             fotos:Celso Pereira/Acervo do COLECTIVO

ALGUMAS HISTÓRIAS COLETADAS PELO PROJETO:

"No dia do casamento o vestido não entrava.
Comecei a ficar desesparada. Chorava, suava.
Deitei na cama de minha vó. Todo mundo tentando fechar o vestido.
-Respira fundo e não solta o ar!- aí entrou o vestido.
Ao chegar na Igreja, estava chovendo e eu tinha que trocar de carro.
Peguei uma chuva danada.Quando ia entrar, perguntei- Cadê o noivo?
Ele não tinha chegado. Voltei pro carro, na chuva.
Tinham três casamentos neste dia.
Nem a música que eu planejei para tocar na Igreja neste dia, não tocou.
Mas consegui. Casei e estamos juntos até hoje."  


"Estas castanholas eu ganhei de um rapaz que eu nunca tinha visto. Era do relicário dele.
Ele contou a sua viagem para Madrid. E eu me identifiquei tanto!
No final ele disse que tinha assistido uma peça em Madrid, Espanha, chamada "Carmen"
 e tirou do bolso estas castanholas.Eu fiquei entusiasmada, admirada, fascinada em como eu, Carmen, fui a Madrid e não tinha comprado um par de castanholas para mim. Ele mais que imediatamente...tão rápido...ele me deu as castanholas que faziam parte do relicário dele. E aquie stão as tais castanholas. Que eu tenho e vou guardar."

 APRESENTAÇÃO NA ABERTURA DA EXPOSIÇÃO
A abertura da exposição foi no Dia do Voluntário quando tivemos na programação uma apresentação dos contadores de histórias que participaram do projeto e Daniele Ramalho- após uma palestra do contador de histórias Roberto Carlos Ramos.Realização: SESC Rio/Programa SESC Voluntário.

Mary Moll contando histórias na apresentação no SESC Tijuca.

Regina Nobre contando histórias/SESC Tijuca.



                                         Matéria do jornal "O Globo"/Jornal de Bairros sobre
                                         a exposição "Relicários;da arte de compartilhar histórias".




PROJETO "A CULTURA SOU EU":
identidade, visualidade e cultura popular"

Em outubro de 2009 o Colectivo Almanaque realizou a convite do SESC Barra Mansa um projeto de cultura e visualidade popular onde trabalhou com jovens da comunidade Roselândia II, bairrod e Barra Mansa, Rio de Janeiro, desenvolvendo atividades como a visita ao Museu do Folclore Edison Carneiro, localizado na cidade do Rio de Janeiro. Nesta instituição os participantes conheceram o acervo do Centro nacional de Folclore e Cultura Popular e assistiram a uma folia-de-reis. Posteriormente os jovens participaram de uma oficina e, ao fim deste trabalho, produziram estandartes que sugerem traços da identidade de cada um  e da comunidade onde vivem.

O resultado desta experiência foi mostrado numa exposição- um registro poético-visual deste encontro.

ATIVIDADES DA OFICINA:

PRIMEIRO DIA:ABERTURA OFICINA: VISITA GUIADA ao Museu do Folclore Edison Carneiro/APRESENTAÇÃO DA FOLIA-DE-REIS Sagrada Família da Mangueira/AULA INAUGURAL sobre Bandeiras nas Folias-de-Reis com o antropólogo Daniel Bitter.
Local da Realização: Museu do Folclore Edison Carneiro

SEGUNDO AO QUARTO DIA: A continuidade do trabalho aconteceu em Barra Mansa, na própria Associação de Moradores de Rosenlândia II em 4 encontros trabalhamos conceitos e significados sobre arte, cultura, identidade, coletividade, indivíduo, memória através do contato com danças, histórias, brincadeiras de roda e observação de objetos afetivos, livros e catálogos de exposição de arte.

Após 3 dias de oficina os alunos produziram estandartes onde - em grupo ou individualmente - representaram símbolos que sugerem traços da identidade de cada um e da coletividade de que fazem parte.
O resultado foi a exposição:"A CULTURA SOU EU:identidade, cultura e visualidade", onde também utilizamos imagens da comunidade onde os jovens vivem e reflexões sobre a experiência.

Esta exposição ficou exposta em dezembro de 2009 e janeiro de 2010 no SESC Barra Mansa. Em 2010 esta exposição será exposta na própria comunidade de Rosenlândia e circulará por outras instituições culturais da região de Barra Mansa.


Os textos da exposição foram criados por Daniele Ramalho e o design feito por Marcos Corrêa/ATO GRÁFICO.

"CULTURA:
Ação, modo, efeito ou ato de cultivar.
Estudo. Instrução. Saber".
fonte:dicionário aurélio





Menino brincando em Roselândia II
Foto:Daniele Ramalho/OFICINA de VISUALIDADE




Texto de Daniele Ramalho e Marcos Corrêa/COLECTIVO ALMANAQUE

Convite exposição "A CULTURA SOU EU"
Design :Marcos Corrêa

MAIS FOTOS DA OFICINA ABAIXO:


Aluno da oficina observando o palhaço da folia-de-reis Sagrada Família da Mangueira.



A bandeira, outro forte símbolo das folias-de-reis.








IMAGENS DA EXPOSIÇÃO :
"A cultura sou EU :identidade, cultura e visualidade popular"

 


 




QUEM SOMOS

Daniele Ramalho

Produtora, pesquisadora, atriz e contadora de histórias.Formada em artes cênicas pela Universidade do Rio de Janeiro.Cria e coordena programações e projetos para instituições culturais como SESCRIO e IPHAN/ Centro Nacional de Cultura Popular/Museu do Folclore. Ministrou diversas oficinas de formação de jovens em projetos como "Integrando Ações" da Secretaria de Cultura do Governo do Estado do RJ e "Salto para o Futuro" do SENAC/Fundação Banco do Brasil. Escreveu artigos sobre oralidade em algumas publicações como para a Revista do Instituto de Performance da Universidade de Nova Iorque. É curadora e gestora do África Diversa: Encontro de Cultura Afro-brasileira, com patrocínio da Prefeitura do Rio de Janeiro e atual diretora da Biblioteca Parque da Rocinha.


Marcos Corrêa

Designer gráfico, ilustrador e calígrafo. Formado pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Mantém o studio ATO GRÁFICO desde 1995. Tem se dedicado a desenvolver identidades visuais; material de divulgação para espetáculos e eventos culturais; catálogos e portfólios de apresentação para grupos, artistas e entidades; projetos visuais para exposições; desenvolvimento de sítios virtuais; ilustrações; direção de arte para tv e video; design interativo; projetos gráficos para jornais, revistas e livros de arte. Tem trabalhado com clientes e parceiros como os grupos de teatro Tá na Rua (RJ), Grupo Hombu de Teatro (RJ), Grupo Moitará (RJ), Teatro de Anônimo (RJ), Grupo Sobrevento (SP), Lume Teatro (SP), Centro Teatral e Etc e Tal (RJ) entre outros. E instituições como CCBB, Museu do Folclore, Caburé Produções, SESC e Prieto Produções.



NOSSOS PARCEIROS

Maysa Blay

Bióloga, contadora de histórias e pesquisadora do INPI. Formada em meio ambiente pela USP. Trabalhou com educação de jovens no Museu de Ciência de Toronto(Canadá) e realiza diversas oficinas em programações de instituições e encontro de culturas como Fórum Cultural Mundial.Ministrou oficinas em projetos para jovens como o "Salto para o Futuro" do SENAC/Fundação Banco do Brasil.


Cristiano Mota

Músico,ator, diretor e produtor. Trabalha na Associação de amigos do Museu do Folclore Edison Carneiro do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/IPHAN. Criou o “Núcleo de Estudos Guimarães Rosa”, que difunde a obra deste autor.Além de uma vasta pesquisa sobre a obra do autor mineiro, tem realizado para a Gerência de Educação do Sesc Rio programas de leituras dramatizadas , a partir da obra de potros mestres da literatura de língua portuguesa, com destaque para o moçambicano Mia Couto e o gaúcho Simões Lopes Neto.

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